Durante muitos anos as pequenas e grandes equipes do futebol brasileiro, e até mundial, tiveram nas categorias de base seus principais trunfos, com um grande investimento nos meninos, que sempre significaram mais do que o futuro dos clubes, mas sim uma forma de dar esperanças à torcida, com novos talentos que surgem com amor ao clube e muita raça para defender as cores de suas equipes.
No entanto, com a crise de muitos clubes nos últimos anos, a relação base e profissional tem se transformado, já que muitas equipes tem usado seus jovens talentos como refúgio, e como últimas alternativas, lançando suas principais promessas em verdadeiras fogueiras. O resultado? Por mais que alguns meninos consigam se destacar e se tornam ídolos ainda muito novos, a grande maioria acaba queimada e tem sua carreira comprometida.
No ano de 2017 podemos citar várias equipes que utilizaram seus garotos muito mais porque precisavam de alternativas ao elenco enxuto e desqualificado do que por meio de um processo de transição da base para os profissionais. Casos do Fluminense, Vasco, São Paulo, Santos, Grêmio e Flamengo.
Dessas equipes, ficou evidente que os meninos acabaram subindo muito mais devido ao desespero de não se ter opções interessantes no mercado do que propriamente pelo processo natural. Claro que em todas equipes ao menos um desses jovens acabaram se destacando por suas equipes, como Wendell pelo Fluminense, Paulinho pelo Vasco, Júnior Tavares pelo São Paulo, Lucas Veríssimo pelo Santos, Arthur pelo Grêmio, Vinícius Jr. e Lucas Paquetá pelo Flamengo, entre outros por outras equipes.
Olhando assim, parece que está tudo certo. Só que esquecemos que outros tantos jovens acabaram sendo desperdiçados e hoje ou estão queimados com a torcida, ou acabaram sendo emprestados por não fazer mais parte dos elencos de seus clubes.
Se pegarmos como exemplo a Copa SP de Futebol Júnior, todo ano são “revelados” diversos talentos. Mas quantos deles conseguem subir aos profissionais e ter sequência em suas equipes?
Boa alternativa à transição base para os profissionais
Em 2018, após vários anos utilizando suas principais promessas como forma de tampar buracos, o Flamengo fez diferente e os resultados iniciais são os melhores possíveis. Começou o Campeonato Carioca repleto de jovens atletas que mostraram muita raça, vontade e garra, além de se provarem com muito valor.
Alguns dos meninos se revezaram entre Cariocão e Copinha e ainda assim o Flamengo venceu todos os seus jogos em que a equipe era predominantemente de jovens, e de quebra foi campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Podemos utilizar o Flamengo como bom exemplo devido ao planejamento feito no ano de 2018 em que dá rodagem a atletas que sequer teriam chance nos profissionais, e isso dá não só confiança para esses jogadores, como também oportunidades deles se mostrarem úteis para o elenco profissional.
Por incrível que pareça, no único jogo em que o time foi formado, em sua maioria, por atletas já incorporados ao time principal, empate contra o Vasco e perda dos 100 % de aproveitamento no Campeonato Carioca.
Apesar de ser muito cedo para tirarmos qualquer conclusão, o Flamengo tem feito valer a frase quem diz: “Craque o Flamengo faz em casa”. Agora, cabe ao treinador e à diretoria dar continuidade a esses meninos que já mostraram que tem muito talento e que podem ser excelentes alternativas caseiras aos buracos que a equipe profissional ainda tem em seu plantel. Nomes como Thuler, Ronaldo, Jean Lucas e Lincoln já são realidades nos profissionais. Outros que vieram da Copinha como Matheus Dantas, Hugo Moura, Ramon, Lucas Silva, Pepê, Luiz Henrique, Vitor Gabriel e Wendell, merecem atenção e podem gerar bons frutos ao Clube de Regatas do Flamengo.
Por Gustavo Pereira