(Riad Ribeiro foi o porta-voz da denúncia sobre atraso nos pagamentos dos salários de atletas do Corinthians/Guarulhos)
Em reportagem para o “Estadão”, o experiente atleta Riad Ribeiro soltou uma bomba ao rasgar o verbo sobre a situação indigesta entre jogadores e o clube Corinthians/Guarulhos, que segundo Riad não cumpriu com os contratos dos atletas e deu um calote nos jogadores após afirmarem “que o dinheiro acabou”.
Inicialmente, a equipe do Corinthians tinha uma parceria da ACD São Bernardo, com contrato de 2 anos. Com essa parceria, o Corinthians disputou na temporada 2017/2018 a Taça Ouro, onde foi campeão, e também acabou rompendo a parceria com o São Bernardo, devido a problemas já relacionados à atual diretoria.
Entretanto, conquistou a última vaga para a Superliga da temporada 2018/2019 após o empréstimo do CNPJ da equipe de Montes Claros, se tornando Corinthians/Guarulhos. Foi esse movimento que mais marcou o jogo de interesses da diretoria da equipe junto à Confederação Brasileira de Voleibol.
Por isso, os jogadores da equipe do Corinthians/Guarulhos, disputaram a última Superliga graças a esse aceite da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) do empréstimo do CNPJ de Montes Claros (MG) ao clube paulista.
Entretanto, os atletas acusam a entidade de infringir o regulamento da Superliga que trata do Fair Play Financeiro e obriga os clubes a terem todas as contas em dia, além da garantia de arcar com os custos da equipe durante a temporada a ser disputada.
“O Fair Play Financeiro foi criado com o intuito de evitar que clubes inadimplentes participem da Superliga. Cada clube classificado, do campeão ao décimo colocado, além dos dois advindos da Superliga B, devem apresentar o documento de quitação, com a assinatura (e consequente aval) de todo o elenco e a comissão técnica para que sua inscrição seja confirmada. O Fair Play Financeiro determina o mesmo para qualquer situação ou clube – ou seja, o que não apresentar a certidão negativa, não participará da próxima edição do campeonato”, indica a Confederação Brasileira de Vôlei, por meio de nota.
De acordo com a entrevista de Riad ao repórter Bruno Voloch, o Corinthians/Guarulhos ainda deve 3 meses de salário aos atletas, dívida referente à última temporada disputada, e com isso não poderiam jogar a próxima edição da Superliga, de acordo com o Fair Play Financeiro.
Calote de Corinthians/Guarulhos revela amadorismo no voleibol brasileiro
Riad Ribeiro, já jogou pela Seleção Brasileira de Vôlei, e por importantes clubes de cenário mundial como o Trentino, da Itália, RJX, que tinha Eike Batista como dono, e foi campeão da temporada 2012/2013 da Superliga Brasileira, Sesi-SP e Corinthians/Guarulhos.
O experiente atleta já passou por uma situação de calote quando estava no RJX e o clube acabou indo à falência após Eike Batista ter seus bens confiscados e ser preso por envolvimento com corrupção. Até por isso, lamentou a postura da CBV na condução do caso.
Riad afirmou que desde o primeiro dia, da apresentação do elenco, o diretor da equipe Anderson Marsili informou ao elenco que precisaria fazer um corte de 30% no contrato devido a desistência de uma empresa que entraria via prefeitura de Guarulhos.
Entretanto, o diretor prometeu aos atletas que a situação se normalizaria em até dois meses.
Promessa que não foi cumprida segundo Riad Ribeiro:
“A verdade é que no início da temporada o Anderson pediu um adiantamento das parcelas do patrocínio que era de um milhão de reais em 10 parcelas que foram adiantadas em 4 parcelas de R$ 250 mil reais a pedido do Anderson. Logo, chegando em dezembro, o dinheiro acabou”, afirmou Riad.
Descaso da CBV e da comissão de atletas
Questionado sobre a reação da CBV diante da situação do calote do Corinthians/Guarulhos, Riad afirmou que nenhum atleta foi procurado pela Confederação Brasileira de Vôlei.
Além disso, o atleta criticou duramente a entidade máxima do voleibol, que em diversas situações demonstra amadorismo e parece se preocupar muito mais com o mantimento da instituição do que com os clubes e com os atletas, que estão cada vez mais à mercê de um mercado nacional retraído, que paga cada vez menos, e dá menos garantias de contratos e de pagamento aos atletas.
Quem também sofreu críticas foi a comissão dos atletas, que tem André Heller como presidente, Gilmar Nascimento Teixeira como vice-presidente e Ricardo Lucarelli, Fabiana Alvin de Oliveira e Renata Colombo como membros.
Em sua Missão e Objetivos, a comissão de atletas afirma em seu artigo 3º que:
As Comissões de Atletas da CBV têm por missão representar os Atletas de Voleibol de Quadra e Vôlei de Praia, cada uma em sua respectiva modalidade, perante a Confederação Brasileira de Voleibol, fortalecendo os laços de comunicação e interação entre as partes
Além disso, em seu artigo 4º, inciso III, a comissão de atletas se propõe a: “Representar os direitos e interesses dos Atletas de Voleibol e formular recomendações a este respeito”.
Entretanto, Riad afirma que também não foi procurado por ninguém da Comissão dos Atletas e que a situação ainda está sem uma resolução.
Agora é momento de união entre jornalistas e atletas de forma a cobrar uma posição mais firme e menos de descaso, tanto da CBV, quanto da Comissão de Atletas, de modo a resolver a situação dos 3 meses de salários atrasados que os atletas do Corinthians/Guarulhos estão para receber.
Por Gustavo Pereira